sábado, 23 de fevereiro de 2008

MUROS PICHADOS, CAMISETAS SEM ESTAMPA E TIM MAIA.


De novo esse assunto. Me perdoem. E, lá vem Titãs..."eu não aguento, eu não aguento, é de noite é de diaaaaa..." Hoje foi na Av. Sumaré, onde passeio regularmente com meu cão, um Huskie Siberiano branco de olhos azuis. O fato é que essa emporcalhada é nova. O que significa ? Parei para fazer a foto enquanto Thor aproveitava para descansar um pouco e eu já refletindo sobre a mensagem. Não tive dúvida. Dei uma googlada a respeito ao chegar em casa e o que descobri foi o seguinte: A Syngenta é uma empresa suíça de sementes e sofreu protestos recentes por parte do governador paranaense, Roberto Requião (PMDB), que disse em outubro passado, "a Syngenta não é bem-vinda no Paraná". Segundo Requião, a Syngenta veio para o Brasil porque não conseguiu licença para produzir sementes transgênicas na Suíça. Disse ele: "Se fizessem na Suíça o que fazem aqui, os executivos da Syngenta estariam presos." (da agência Folha).

Pessoalmente, se não tiver nada a dizer ou algum protesto a fazer, prefiro usar camisetas de cores lisas, sem estampas. No caso do muro, coitado... não há como defender-se. E o dono do muro? Essa já é outra questão. Uma acusação de assassinato é algo grave.
Nos tempos da ditadura, lembro que era comum os muros serem usados como forma de protesto. As pichações estavam por toda a parte e eram carregadas de revolta, de indignação. As frases mais frequentes entretanto, eram sempre essas, "fora isso" , "fora aquilo", "fora aquilo outro". Letras grandes em frases curtas, diretas. Como se alguém gritasse aquelas palavras, querendo muito que outra pessoa ou coisa sumisse daqui, como a ditadura, por exemplo.
Cresci naquela época. Vivia na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, bem perto do mar. Isso foi muito antes do boom imobiliário na região. Era o início da década de 70. Não havia muitos prédios alí mas lembro que havia muitas casas e muitos muros. Não havia liberdade de expressão também. Os muros alheios davam voz aos revolucionários, aos que faziam oposição ao governo, uma oposição ferrenha, radical, contundente e subversiva, do ponto de vista dos militares, é claro. Qualquer um apanhado pichando um muro com as tais "mensagens subversivas" era logo preso e dependendo do humor do dia ou do oficial de plantão, podia ser torturado ou morto. Eram tempos difíceis para os pichadores que tinham o que dizer.
Eu estudava em Jacarepaguá e pegava meu ônibus para a escola bem no centro da Barra. Era o 748 da Viação Redentor, que ía para Cascadura e passava muito perto da minha escola. O ponto final era em frente ao muro lateral da casa do Tim Maia, juro. Um paredão alto, branco e alvo de constantes pichações. Hoje, o muro na Sumaré me levou ao muro do Tim. De vez em quando a espera pelo ônibus era presenteada por aquele vozeirão em meio a um ensaio e outro. Dava para ouvir tudo da rua, perfeitamente. Certa vez, o ví sair de casa num Opala cor de abóbora, novinho e dar de cara com seu muro branco todo pichado. A mensagem enorme, dizia, "FORA MÉDICI". Nessa época o cabelo dele era uma juba enorme. O cabelo do Tim, é claro. Ele olhou para o muro, balançou a cabeça, provavelmente pensado... "de novo". Em seguida, já saindo com o carro, olhou para o meu lado e arrisquei um "Oi Tim!". Ele sorriu, acenou e foi embora. O ônibus chegou uns 10 minutos depois.
"Cara!" Contei logo que cheguei à escola. "Acabei de dar um oi para o Tim Maia!".
É lógico que ninguem acreditou...

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