quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

VALE A PENA VER DE NOVO.

Globo e você: Nada a ver

Realizado pela produtora inglesa Large Door e dirigido por Simon Hartog, foi exibido pela primeira vez em 1993 na Inglaterra, pelo Channel Four.

Esse documentário é para qualquer um que assiste TV no Brasil e que se interesse pela história política desse país.

http://video.google.com/videoplay?docid=-570340003958234038

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

EU ODEIO BOLACHA DE ÁGUA E SAL.


Bolacha de água e sal é muito sem graça. Sem acompanhamento então... pior ainda. Na melhor das hipóteses, dá para encarar com patê, geléia ou coisa que o valha. E um chá ou suco para ajudar a descer. Isso se a bolacha estiver fresquinha, bem crocante porque senão, aí é que não desce mesmo. Felizmente alguns de nós tem a felicidade de poder escolher. Eu, por exemplo, adoro as bolachas passatempo recheadas de chocolate. Esse é o meu “bed time snack” de todo santo dia, com um copo de leite bem gelado.

No caso de Iasmim, 5 anos de idade, de Calumi, Pernambuco, a história... bem, era provavelmente fome mesmo. Na falta de uma coisa mais gostosa para comer, meu pai já dizia... “a fome é o melhor tempero”.

Na noite de ontem, Iasmin dividiu um pacote de bolacha água e sal com mais 5 irmãos e um primo. Iasmin passou mal. Teve muita dor de barriga e vontade de vomitar. A mãe a levou às pressas para o hospital. Mais tarde, a mãe voltou para casa e encontrou as outras crianças com os mesmos sintomas. Horas depois de ser internada, Iasmim não resistiu a tanta dor e morreu.

Seus irmãos e o primo tiveram mais sorte e vão sobreviver.

Não acredito em céu, inferno e nada dessas coisas. Mas quero acreditar que Iasmim, ou seja lá o que sobreviveu dela após tanta dor e morte, esteja a uma hora dessas num lugar onde bolachas de água e sal só são servidas em último caso, com muita geléia e muito chá. Sem fome, sem dor e sem sofrimento nenhum.

(notícia da Agência Estado)

domingo, 24 de fevereiro de 2008

UM CRIME DE BAGATELA.

Marlene Bergamo / Folha Imagem

José Luciano da Silva Júnior é artista plástico. Em 2006 cometeu um crime. Furtou uma lata de leite em pó. Por ser réu primário, respondeu ao crime em liberdade. José ganhava a vida vendendo quadros para turistas em Maceió e se juntou com uma mulher, ajudando a criar o filho dela, de três anos de idade. Há quatro meses a história se repetiu. José furtou um pacote de queijo e foi preso novamente. Na ocasião, alegou que o queijo era para seu enteado.
O tribunal de Justiça de Alagoas considerou seu processo um crime de bagatela, o que não justificaria os custos do processo penal.
Enquanto isso, segundo notícia de Sílvia Freire, da Agência Folha em Maceió: "Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal mostram deputados e ex-deputados estaduais de Alagoas cobrando o recebimento de parcelas de um esquema criminoso que desviou cerca de R$ 280 milhões da Assembléia Legislativa e da União e durou de 2001 até o ano passado...o presidente da Assembléia, Antônio Albuquerque (DEM) é apontado como o líder do esquema."

E esse crime, é considerado o quê ?

José "Ninho" (apelido de José entre os detentos) continua preso. A justiça é mesmo imparcial, cega, surda, muda, idiota, imbecil, e nós, como diria Jabor... “somos uns otários”. E injustos.

Ouça ex-deputado cobrando "dinheiro de corrupção" ( Nesta gravação, obtida pela Folha, o ex-deputado Gilberto Gonçalves (PMN) liga para o então diretor de recursos humanos da Assembléia, Roberto Menezes, e cobra dele o recebimento de dinheiro).

sábado, 23 de fevereiro de 2008

E ACIMA, O QUÊ ?

Desse jeito, como aconteceu com o Lula, a anta do Diogo Mainardi (título do livro do Diogo), os pichadores estão se tornando a minha. Mas não é nada pessoal. Apenas não resisti. Ganhei um celular com câmera, cabo USB e tudo; aí ficou fácil. Eu fotografo o tempo todo. E escrevo sobre algumas das fotos. Essa é uma delas.

Imaginemos o cenário. Um mundo sem corporações. E daí ? O que vem depois? O que mais o sujeito tem a pichar? Digo, esse que emporcalhou o espaço do cartaz no ponto de ônibus. É preciso dar sequência às idéias. Não somos obrigados a pensar pelo indivíduo e adivinhar o que vem a seguir. De cara, sabemos que o pichador faz parte de algum movimento anárquico, como mostra o símbolo no canto inferior esquerdo do quadro. Dessa vez, me lembrei de "Pink e o Cérebro", desenho animado do Cartoon Network. No episódio em questão, os dois ratinhos estão no Egito e há uma passeata em frente a uma das pirâmides, em protesto contra a abertura de algum sarcófago ou coisa parecida. Pink pergunta ao Cérebro: "Quem são essas pessoas, Cérebro?" E Cérebro responde, afiado e sarcástico como sempre: "Apenas um bando de desempregados, Pink".

Ok, piada de mau gosto. Há milhões de pessoas acordando muito cedo todos os dias à procura de trabalho. Todo santo dia. Estar desempregado no Brasil é uma condição no mínimo cruel. A busca acaba tornando-se um trabalho em sí. Demoradamente cruel e sem qualquer remuneração.

Saí googlando a respeito, sem muito sucesso. Encontrei um sujeito "desmascarando corporações do mau"... Mau o quê ? Mau português? Português do mal ? Fiquei sem saber.

Dizem que no futuro o mundo corporativo será composto de seis empresas imensas que terão comprado todas as outras, no planeta inteiro. O que me fez lembrar outra situação. Um evento de uma empresa que fabrica pastas de dente, entre outras coisas. Essa empresa havia comprado outra empresa que também fabricava pastas de dente. O motivo da reunião, do tal evento: tranquilizar seus funcionários.

"Ninguem perderá seus empregos com essa fusão. Essa foi apenas uma decisão estratégica, bla, bla, bla"... isso dito pelo diretor geral da empresa, para os funcionários presentes. Uma boa notícia, sem dúvida. Não vou dizer que o sujeito era um mentiroso mas, meses depois, se confirmou que o que ele havia dito era uma mentira. Cerca de 100 funcionários foram demitidos, dos departamentos de vendas e marketing da empresa compradora. A mesma que havia organizado o tal evento, que na voz de seu diretor, havia tranquilizado seus funcionarios, premiando alguns com viagens para assistir ao desastre do Brasil na copa da França. Mau presságio...

Nesse caso sim. Abaixo as corporações.
E acima, a vergonha na cara, a honestidade e o trabalho.

MUROS PICHADOS, CAMISETAS SEM ESTAMPA E TIM MAIA.


De novo esse assunto. Me perdoem. E, lá vem Titãs..."eu não aguento, eu não aguento, é de noite é de diaaaaa..." Hoje foi na Av. Sumaré, onde passeio regularmente com meu cão, um Huskie Siberiano branco de olhos azuis. O fato é que essa emporcalhada é nova. O que significa ? Parei para fazer a foto enquanto Thor aproveitava para descansar um pouco e eu já refletindo sobre a mensagem. Não tive dúvida. Dei uma googlada a respeito ao chegar em casa e o que descobri foi o seguinte: A Syngenta é uma empresa suíça de sementes e sofreu protestos recentes por parte do governador paranaense, Roberto Requião (PMDB), que disse em outubro passado, "a Syngenta não é bem-vinda no Paraná". Segundo Requião, a Syngenta veio para o Brasil porque não conseguiu licença para produzir sementes transgênicas na Suíça. Disse ele: "Se fizessem na Suíça o que fazem aqui, os executivos da Syngenta estariam presos." (da agência Folha).

Pessoalmente, se não tiver nada a dizer ou algum protesto a fazer, prefiro usar camisetas de cores lisas, sem estampas. No caso do muro, coitado... não há como defender-se. E o dono do muro? Essa já é outra questão. Uma acusação de assassinato é algo grave.
Nos tempos da ditadura, lembro que era comum os muros serem usados como forma de protesto. As pichações estavam por toda a parte e eram carregadas de revolta, de indignação. As frases mais frequentes entretanto, eram sempre essas, "fora isso" , "fora aquilo", "fora aquilo outro". Letras grandes em frases curtas, diretas. Como se alguém gritasse aquelas palavras, querendo muito que outra pessoa ou coisa sumisse daqui, como a ditadura, por exemplo.
Cresci naquela época. Vivia na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, bem perto do mar. Isso foi muito antes do boom imobiliário na região. Era o início da década de 70. Não havia muitos prédios alí mas lembro que havia muitas casas e muitos muros. Não havia liberdade de expressão também. Os muros alheios davam voz aos revolucionários, aos que faziam oposição ao governo, uma oposição ferrenha, radical, contundente e subversiva, do ponto de vista dos militares, é claro. Qualquer um apanhado pichando um muro com as tais "mensagens subversivas" era logo preso e dependendo do humor do dia ou do oficial de plantão, podia ser torturado ou morto. Eram tempos difíceis para os pichadores que tinham o que dizer.
Eu estudava em Jacarepaguá e pegava meu ônibus para a escola bem no centro da Barra. Era o 748 da Viação Redentor, que ía para Cascadura e passava muito perto da minha escola. O ponto final era em frente ao muro lateral da casa do Tim Maia, juro. Um paredão alto, branco e alvo de constantes pichações. Hoje, o muro na Sumaré me levou ao muro do Tim. De vez em quando a espera pelo ônibus era presenteada por aquele vozeirão em meio a um ensaio e outro. Dava para ouvir tudo da rua, perfeitamente. Certa vez, o ví sair de casa num Opala cor de abóbora, novinho e dar de cara com seu muro branco todo pichado. A mensagem enorme, dizia, "FORA MÉDICI". Nessa época o cabelo dele era uma juba enorme. O cabelo do Tim, é claro. Ele olhou para o muro, balançou a cabeça, provavelmente pensado... "de novo". Em seguida, já saindo com o carro, olhou para o meu lado e arrisquei um "Oi Tim!". Ele sorriu, acenou e foi embora. O ônibus chegou uns 10 minutos depois.
"Cara!" Contei logo que cheguei à escola. "Acabei de dar um oi para o Tim Maia!".
É lógico que ninguem acreditou...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

CLOVERFIELD, A BRUXA DE MANHATTAN.


Gostei. Por outro lado, a julgar pelo silêncio e caras estranhas dos poucos expectadores deixando a sala, duvido que eles concordem comigo. Será que o casal sobrevive? Fique até o final dos créditos... mas não espere uma daquelas revelações muito óbvias. O detalhe é muito sutil.

Ana Maria Bahiana escreveu bem: "Cloverfield é um truque que funciona".

Segue a sua resenha no G1:

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

FIDEL JÁ VAI TARDE? PERGUNTE A UM CUBANO.

Essa é, na minha opinião, a melhor estratégia. Quem melhor para responder a uma pergunta dessas do que um nativo da ilha, um habitante de Havana, a "Paris do Caribe" dos anos 1950? Daquilo que lí a respeito hoje, gostei do especial do UOL. Uma dezena de cliques, uma boa hora de leitura e você está pronto para discutir a história de Cuba e a renúncia de Fidel Castro sem passar vergonha com a galera. E o que é melhor, formar sua própria opinião a respeito. Se é que isso vai ser tema de conversa entre a galera. Em todo caso, fica a pergunta: O barba demorou para sair, ou não?

Já em Salvador, Caetano Veloso disse achar Osama Bin Laden "um homem bonito". Essa é uma maneira de olhar para o terrorista mais procurado do planeta, sem dúvida. O terrorista de uns é o herói de outros. Por essa ótica, Fidel Castro é meio feioso. Isso fui eu quem disse. Mas gostei do que lí também em "Biografia a duas vozes", entrevista de Fidel a Ignácio Ramonet. Não se pode julgar ou criticar alguém daquele porte, assim, sem mais nem menos. Não que ele seja muito grande ou alto, pelo contrário. Me refiro ao porte histórico e político do homem que, entre outras coisas, encarou os americanos e os expulsou da ilha, depois da revolução.

O melhor da história é que Fidel não se considera um ditador.

49 anos no comando de Cuba que o digam...

O fato é que nunca fui a Cuba. Mas quero ir. Sou fã de Ernest Hemingway, que morou em Havana e foi amigo de Fidel. Naquela cidade, em 1952, Hemingway escreveu "O velho e o mar", ganhando o Prêmio Pulitzer pelo livro naquele ano e dois anos mais tarde, o Nobel de Literatura. Sua casa se tornou um museu e com ou sem Fidel, eu vou.

Hemingway é genial. Cuba, dizem amigos meus que foram, é show e Fidel...

Pergunte a um cubano.

http://noticias.uol.com.br/ultnot/especial/2008/cuba/

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

OS PICHADORES E OS CROP CIRCLES INGLESES. ALGUMA LIGAÇÃO?

(baseado num fato real)

(foto com a parede limpa)

(foto com a incrível mensagem)


Os ""crop circles" ou "círculos nas plantações", como são conhecidos no Brasil, são padrões geométricos que aparecem em sua maioria, nas plantações da Inglaterra. Tais formações aparecem misteriosamente, sem deixar qualquer pista quanto a sua execução ou origem.


Agora, começaram a aparecer na paisagem urbana paulistana.

Como no caso da Lapa e a parede do Sr. Apolinário.


Este é o seu incrível depoimento:


“Passei a noite toda acordado, sentado na calçada, a parede pintadinha, toda limpa, só esperando aquele filho da p...(corte) aparecer de novo com sua lata de tinta spray e nada. Já estou de saco cheio dessa filhadap...(corte)...tagem com a pessoa de bem. Eu mato o filhodap...(corte) se eu dou de cara com ele pichando minha parede de novo. No dia seguinte, tive o cuidado de pedir para a minha esposa, a Isaura, fazer uma foto minha ao lado da parede. Vocês podem me ver do lado direito, apontando para a parede. Nesse momento, a parede está limpa. Quando a Isaura atravessa a rua para me mostrar o resultado da foto (compramos uma dessas câmeras digitais por R$99,90. Mas não é para uso com sem-vergonhices), eu me distraio no visor digital enorme com outras fotos de ontem à noite, não da parede, eram fotos de antes de eu vir para a calçada e nem são da sua conta. E vejo isso aí. Na outra foto a parede está assim."

É mesmo surpreendente. As duas fotos acima mostram claramente (e sem truques) o que aconteceu. Como uma mensagem dessa complexidade poderia ter aparecido numa parede assim, sem mais nem menos, de uma hora para outra ? Ou, como Sr. Apolinário, que é uma pessoa de bem, afirma: - "Numa olhada só."
É impressionante. São o que os cientistas no mundo todo começam a se referir como os "urban crop circles", ou círculos nas plantações urbanas. Não são círculos, muito pelo contrário, e nem estão em plantações mas com certeza, reforçam o mistério. Estamos sendo observados em nossas cidades por formas de inteligência superiores e alienígenas? Tais seres estarão deixando sua marca em nossas paredes e muros? Serão os pichadores astronautas? Ficam as perguntas. E o Carandiru do Cosmos vai à caça das respostas. Aguarde.

Para saber mais sobre os Crop Circles ingleses:

http://www.circlemakers.org/

http://www.cropcircleresearch.com/

http://www.cropcircleconnector.com/anasazi/introduction2001po.html

O SOCIÓLOGO, O PICHADOR E O DONO DO MURO. UM DEBATE.

(baseado num fato real)




A história foi estruturada de maneira fictícia para preservar a identidade dos envolvidos, pelo bem da liberdade poética em torno do evento e porque eu quis. O que você vai ler aqui é apenas a transcrição de um trecho. As opiniões apresentadas não representam as minhas opiniões. Da mesma forma, o palavreado de baixo calão utilizado por um dos participantes, não faz parte, bla, bla, bla... e foi reproduzido com cortes. A íntegra do debate pode ser solicitada. Mas não quer dizer que será enviada.

Esse debate acontece por telefone, num programa de rádio. Apresentado por um sociólogo, conta com a participação dos envolvidos no tema abordado e o cidadão comum, como você e eu.

O sociólogo: - Ao abordar a questão das pichações e os pichadores como um todo, bem como a reação dos proprietários dos imóveis, alvo dessa prática, o que este programa propõe fazer é dar-lhes igual espaço, ao mesmo tempo em que faz um estudo aprofundado do assunto, para melhor compreender tal atitude e assim, ir além da relação pichação/pichador/pichado em sí. Dessa forma, o que pretendemos é contextualizar essa relação trazendo-a para um cenário de maior amplitude, para que se possa encontrar soluções em larga escala, já que tal fenômeno não é apenas verificado na cidade de São Paulo mas também, nas maiores cidades deste país. Ou seja, acredito que com um pequeno esforço de todos e alguma boa vontade, chegaremos a um consenso e quem sabe, passaremos a encarar o problema da pichação dos muros e paredes da capital, por exemplo, como uma forma de arte. O que é a pichação, senão um retrato visualmente agressivo e ao mesmo tempo artístico da rebeldia e falta de perspectiva dos jovens menos favorecidos? Serão eles os Pollocks do novo milênio ?

O pichador: - É nóis.

O dono do muro: - Que tal... falta do que fazer? Vadiagem? Vagabundagem? Filadap...(corte) tagem ? Eu quero é que se fo(corte)... esse tal de Pollock. Deixe eu lhe dizer que retrato é esse: Quero que vá todo mundo tománo(corte)...! Quero saber é quem vai pagar o meu prejuízo e quero dizer também que se eu pegar o filadap(corte)... pichando o meu muro novamente vou encher o safado de porrada e fazer o desgraçado engolir toda aquela tinta e depois, socar a lata com vontade pra dentro dele, e não vai ser pela boca. Quero é que esse safado vá pichar, ou como o senhor disse, retratar a rebeldia dele na put(corte)...queopar(corte)...

O sociólogo: - Não acha essa reação um tanto quanto exagerada?

O pichador: - Na moral.

O dono do muro: - Exagerada? Imagine... Me dê o endereço da sua rádio e eu vou até aí lhe pichar essa m(corte)... toda, parede por parede, que tal ? E ainda guardo um pouco de tinta pra pichar o meio dessa sua cara safada, pode ser ?

O sociólogo: - Meu senhor, não acha que está sendo mal-educado e radical demais ?

O pichador: Aê.

O dono do muro: - Está certo. Antes que eu lhe mande tománo...(corte) e desligue na sua cara, vamos fazer assim então. O senhor me dá o endereço da sua mãe e e eu vou lá agora pichar a fachada toda daquele prostíbulo onde ela mora. E vou lhe dizer mais! Aposto com o senhor que a mãe do filadap(corte)..., do tal de Pollock , e a desse amiguinho seu aí no telefone moram lá também ! Melhorou ?

(Som de telefone desligando bruscamente).

(Corte para os comerciais).


Sobre "o tal de Pollock" : http://pt.wikipedia.org/wiki/Jackson_Pollock

A LUZ DE DEUS TE GUIA, OU TE CEGA?

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u373568.shtml

Opinião? Que cada um tenha a sua e respeite a do outro.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

DIRETO DO PAVILHÃO NOVE.

Kate Weber/AP

Daily-chronicle.com/Eric Sumberg/AP


Assim já é demais. Esse foi o quinto episódio envolvendo atiradores nos Estados Unidos nas últimas duas semanas.
Vamos imaginar o seguinte, apenas pelo bem do argumento: Você é um executivo(a) bem sucedido(a), casado(a) e leva uma vida razoavelmente tranquila. Seu filho está prestes a ingressar na universidade e porque ele ganhou um Huskie Siberiano branco de olhos azuis pelo seu sétimo aniversário, acabou se tornando fã do Chicago Huskies, time de futebol americano da Northern Illinois University. E é lá que ele vai estudar. (Fast Forward...) Aula num auditório com mais 161 alunos. Um sujeito vestido de preto, usando um boné, entra no palco por trás das cortinas e dispara contra a platéia. Seu filho é atingido na cabeça por uma das balas e morre alí mesmo. Fim da história. O atirador, à propósito, era ex-aluno de sociologia daquela mesma universidade. Sociologia, vejam vocês...
Uma tragédia, sem dúvida. Obra do acaso? Michael Moore já mostrava, ou melhor, escancarava a sociedade americana a esse respeito no genial "Tiros em Columbine".
O também genial "Tropa de Elite" faz um pouco diferente: Abre caminho na base da porrada, do tiro no meio da cara do bandido. Enquanto isso, na Grécia... "Eu sei é que nada sei", dizia Sócrates, super humilde ou então, tirando o dele da reta. Eu, sabendo menos ainda, penso o seguinte, numa ótica mais brasileira: digam o que disserem mas por favor, sem essa de colocar Deus no meio dessa história e responsabilizar o Todo Poderoso pela rota de uma bala perdida. Perdidos estamos nós. Temos que encontrar respostas, agir por nossa própria conta e parar com essa frescura paternalista de achar que só o "Pai" sabe de tudo, cuida de tudo, do alto de sua divina sabedoria, de sua onipotência, onisciência e tudo o mais. Deus tem mais com o que se preocupar. Quem sabe, criar novas versões de um universo menos caótico e principalmente, melhor habitado porque, fala sério... Seres, o quê? Humanos? Olha só o estado! Dizem os Maias que o mundo acaba em 2012... e os pessimistas gritam: - Demorô !
Temos alguma chance? É óbvio que sim.
A real é que estamos todos juntos aqui embaixo e somos responsáveis por cada tiro disparado, desde o Morro de Santa Marta, passando pelo Capão Redondo e o Vale das Virtudes. Viajamos de carona numa bola gigantesca de fogo, pedra, água e ar, a milhares de kilômetros por hora na escuridão do espaço e Deus não tem nada a ver com essa confusão.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

SOU AMIGO DA TETÊ, “A FADA DA ROCINHA”.

Matéria publicada na Revista Vogue de setembro, 2007.
De Eduardo Logullo com fotos de Murillo Meirelles

Cheguei muito atrasado para a consulta com meu dentista. Depois de alguns arranjos com as recepcionistas, ficou acertado um encaixe entre uma consulta e outra, na mesma noite. Ufa! Vou ser atendido. Mas a espera... Vamos lá. Paciência. É uma clínica enorme. Várias especialidades, muito movimento, pacientes espalhados por duas grandes salas envidraçadas como aquários. De imediato, tem-se uma imagem super bacana do lugar. Não dá para negar o quanto a odontologia evoluiu e se modernizou no Brasil e ao mesmo tempo, como seus benefícios clínicos e estéticos tornaram-se mais acessíveis ao cidadão comum num país de banguelas, como diriam os Titãs. Mas não é disso que eu quero falar. Normalmente levo meus próprios livros ou revistas para essas consultas porque, vamos combinar... Revista Caras? Ok. Sou meio enjoado, e daí? As revistas estão espalhadas sobre um balcão ao lado de uma TV de plasma que exibe apenas o logo da clínica em movimentos aleatórios num fundo preto. Particularmente, acho um desperdício de tanto plasma. Mas não tenho nada com isso. E ironicamente, acabo sentando de frente para a TV. Não há outros lugares. Um menino de uns 7 anos de idade tenta acertar o logotipo com a mão, dando tapas na tela como quem tenta aniquilar um mosquito imaginário. Calculo que o balcão deve ter uns 70cm de altura; mais a TV, outros 60cm, contando com a base, o que faz com que o menino dê pequenos pulos quando o logo se encontra na parte mais alta da tela. Cadê a mãe? Cadê o pai? Montes de caras enfiadas em Caras (a revista...trocadilho infame!). E nenhuma reação, nenhuma bronca. Os tapas continuam, agora mais violentos. Marcas de pequenas mãos, ora esquerda, ora direita, espalhadas por toda a tela. O monitor balança, indefeso, mas resiste. Deixando de lado o fato de que aquela caixa preta enorme pode despencar em cima do garoto, é até divertida a cena, nos primeiros três ou quatro minutos. Resolvo arriscar e pegar alguma coisa para ler. Para minha surpresa, encontro uma revista Vogue de setembro de 2007, vá lá, não tão antiga assim. Já vi coisas piores em consultas anteriores. Mas isso não vem ao caso. O fato é que meu amigo Ignácio de Loyola Brandão escreve para a Vogue e eu me delicio com seus artigos, em especial um em que fala das desilusões amorosas de mulheres como Lady Di, Maria Callas, Marilyn Monroe, Jackie Onassis (pós-Kennedy), Sylvia Plath, Tina Turner, entre outras. De repente, dei de cara com a Tetê, no meio da revista, modo de dizer. Não no mesmo artigo, é claro. Mas poderia. Será que o Loyola conhece a Tetê ? Provavelmente. Até sei, aqui entre nós, de alguém por quem Tetê foi apaixonada e hoje não é mais... Pode muito bem ter sido uma desilusão, como sempre é no final. Tetê foi namorada de João, que antes era namorado da Dani, quando nos conhecemos em Lisboa. Bons tempos aqueles. Lembro de uma ida nossa ao cinema para assistir a um Blake Edwards, com o já falecido John Ritter. Ana e eu estávamos meio separados na época. Ana aqui no Brasil e eu lá, chorando de saudades dela no cinema, ao ouvir Ivan Neville cantando “Falling out of love”, da trilha do filme. Isso porque o filme era uma comédia. João e Dani nem perceberam. E a música é linda, podem acreditar. Ana e eu reatamos meses mais tarde. Temos um filho lindo, Daniel, hoje com 14 anos. João e Dani, pouco depois daquela noite no cinema, voltaram ao Brasil e logo se separaram. Somos todos cariocas, menos a Ana que é paulista e o Daniel, que nasceu em Lisboa. Dani foi morar na Tijuca, João mudou-se para a Urca e foi quando conheceu e namorou Tetê, na mesma época em que voltávamos para São Paulo. Daniel era ainda um bebê, com a foto de corpo inteiro no seu passaporte, inesquecível. Foi quando a conheci. Tetê já era a “Fada da Rocinha”como bem a batizou Eduardo Logullo na matéria da Vogue. E a Tetê merece. Só para resumir, a história é assim: Tetê, além de socióloga, é educadora artística e levou a arte no início da década de 80, sob a forma de aulas e oficinas para crianças carentes da Favela da Rocinha, no Rio. Um dia, ganhou restos de tecidos de algumas confecções e as mães das crianças pediram para que não usassem aqueles panos com as crianças porque elas fariam alguma coisa melhor com eles. Foi então que nasceu uma das ações sociais mais importantes do Rio de Janeiro e, diga-se de passagem, sem qualquer apoio governamental. Estava criada a “Coopa-Roca” (Cooperativa de Trabalho Artesanal da Rocinha - http://www.coopa-roca.org.br/). As mães tinham um trabalho sem que precisassem sair da Rocinha e deixar seus filhos. No início faziam bordados, crochê, fuxicos e retalhos. Hoje a Coopa-Roca ganhou o mundo e tem parceiros como a M.Officer e Carlos Miele, Osklen e Lenny, Alexander McQueen e mais um monte de empresas, designers, artistas plásticos, e por aí vai. Ainda encontro com João regularmente, que hoje é namorado da Ana. Não a mesma Ana, lógico. Ela é carioca também, super gente boa. Ele de vez em quando vem a São Paulo e fica em nossa casa, dividindo o quarto com o Daniel que só faz uma exigência: Dormir na cama do alto da beliche. A Tetê eu não vejo a alguns anos mas vou dar um alô, ainda essa semana. Para comentar da matéria na Vogue e passar o link do meu blog que ela nem sabe que existe. Dizem que a pessoa fica com a orelha queimando, pegando fogo quando alguém fala dela. Se falar bem, é a direita. Tetê... pega o extintor de incêndio aí, mulher !




quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um brasileiro

No fio da navalha...


Por uma questão de "Eqüidade"... Ou, apenas uma gota no oceano.

Os mais desavisados poderiam achar que a palavra "eqüidade" vem dos eqüinos, da família dos cavalos e seus parentes, as éguas, mulas, burros, jegues e jumentos. Mas os animais não têm culpa das palavras difíceis nem da própria origem. Por outro lado, chamar um vereador de jumento ou jegue é na verdade uma ofensa ao simpático animal, cantado e eternizado sabiamente pelo Rei do Baião, o Grande Luiz Gonzaga, que dizia... "O jegue é nosso irmão."
Um vereador é tudo, menos um irmão. Nem meu, nem seu, nem do povo que o elegeu, nem de ninguém a não ser dele mesmo, de seus pares e de suas falcatruas para burlar a lei e roubar, nem que seja uma gota no oceano do dinheiro público, nesse caso, vindo das multas pelo não cumprimento do rodízio municipal. Dada essa atitute, a palavra eqüidade poéticamente licenciada por mim, designaria atitude digna de um jumento. Sem ofensa ao animal, por favor.

Seguem os principais trechos da notícia publicada hoje na Folha de São Paulo.

Divirtam-se!

Para fugir de rodízio, Câmara começa a usar placa especial (REPORTAGEM LOCAL)

Segundo o Detran de SP, o uso da identificação de bronze não foi autorizado. Vereadores justificaram ato como uma "questão de eqüidade", já que carros do TJ e da Assembléia Legislativa têm placas diferenciadas.

Em desacordo com a legislação, parte dos vereadores de São Paulo passou a utilizar nesta semana placas especiais, de bronze, em seus veículos. O objetivo, admitem os parlamentares, é fugir das multas pelo desrespeito ao rodízio.Segundo o Detran de São Paulo, o uso das placas especiais não foi autorizado. Uma consulta feita pela Câmara no final do ano passado, ainda segundo o órgão, foi repassada ao Denatran, mas sem uma resposta até ontem... A Folha pediu à presidência da Casa uma cópia da autorização para o uso das placas e buscou saber quantos dos 54 vereadores já as adotaram (só o presidente da Câmara pode, por lei, ter direito ao benefício).A assessoria, porém, informou que somente hoje pode dar uma resposta. Mesmo antes da consulta feita ao Detran, os vereadores já haviam decidido que trocariam as placas de seus veículos para burlar o rodízio.O argumento jurídico usado pela Câmara é a "questão de eqüidade", já que os veículos do Tribunal de Justiça e da Assembléia Legislativa também utilizam placas diferenciadas para seus representantes... Para se livrar das restrições impostas pelo rodízio de veículos, os parlamentares trocaram a tradicional identificação dos veículos -modelo Astra-, com três letras e quatro números, de cor cinza, pelas de bronze, pretas, com o número do gabinete e a identificação do Poder Legislativo."O parlamentar de São Paulo, a terceira maior Casa da América Latina, ficar podado de andar num dia de rodízio? O vereador todo dia tem uma solenidade, algum lugar para ir. Você, vereador, ficar parado? Isso perto dos 5,7 milhões de veículos é um pingo no oceano", argumentou, à época, Amadeu. Ontem, porém, o vereador não quis falar com a reportagem. A reportagem solicitou à Câmara que algum vereador comentasse o assunto ontem. Mas a presidência disse que só hoje poderia indicar alguém para dar esses esclarecimentos. ( De ROGÉRIO PAGNAN)

P.S. : Segundo disse o Nário : Eqüidade : respeito à igualdade de direito de cada um, que independe da lei positiva, mas de um sentimento do que se considera justo, tendo em vista as causas e as intenções .

E tem mais... : virtude de quem ou do que (atitude, comportamento, fato etc.) manifesta senso de justiça, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos.

E mais essa.. : Retórica .Uso: pejorativo. emprego de procedimentos enfáticos e pomposos para persuadir ou por exibição; discurso enfático, ornamentado e vazio.