segunda-feira, 24 de março de 2008

Caderno +Mais! (Tarde), Caderno2 (Depois) e cheiro de livro.

Fui assinante do Estadão uns anos atrás. Me enchia o saco ver aquela pilha de jornais não lidos se acumulando, todas as semanas indo para a reciclagem. Não que a reciclagem seja uma coisa ruim, pelo contrário. Ruim era ver o dinheiro gasto indo para o lixo. O que me leva ao meu paradoxo particular. Adoro ler. Sou viciado em ler. Mas prefiro livros e revistas aos jornais. Depois de uma dica do Loyola, comecei a prestar atenção no cheiro dos livros antes de lê-los. O que acabou se tornando um ritual. Antes da leitura, abro o livro junto ao rosto, o polegar passeando pela ponta das páginas, cheiro de livro novo, de papel, de tinta no ar. O cheiro é fácil. Difícil é descrever a sensação. Livro velho tem outro cheiro. De papel velho. Mas é bom do mesmo jeito. Com Loyola, aprendi também a não julgar um livro pelo cheiro. Recentemente, depois da compra do Thor (meu huskie siberiano branco, de olhos azuis), voltei ao hábito dos jornais. Eles marcam na área de serviço, o lugar onde Thor faz as suas necessidades. E ele faz xixi o tempo todo. E não só. Mesmo descontando o que ele faz na rua, ainda sobra muito para os jornais. Cachorro em apartamento dá trabalho, não tem jeito. Por outro lado, na troca dos jornais usados, aproveito para colocar a leitura da Folha e do Estado em dia. Não os compro. Depois de lidos, a Folha eu ganho da minha mãe e o Estadão, da Tia Lú e da Gêla. Semana sim, semana não, passo recolhendo-os para o banheiro do meu cão. As camadas inferiores, junto ao piso, ficam com os cadernos de economia, cidades e veículos. As camadas superiores ficam por conta dos cadernos de esportes, cotidiano, viagens e imóveis. É impressionante o boom imobiliário que São Paulo atravessa atualmente. Anúncios imensos em página dupla, fotos enormes de paisagens e condomínios belíssimos, custando os olhos da cara. Thor me olha como quem está apertado, me fuzilando... “Dá para ir mais rápido com isso?” Imagens de fachadas faraônicas e apartamentos luxuosíssimos, de milhões de reais são logo cobertos pelos dejetos de um cão aliviado. A cara que ele faz é impagável. Coisas dessa relação misteriosa entre um cão e o seu dono que ninguém mais vê. Depois de um afago naquelas orelhas enormes, saio dali pensando... “Quem realmente precisa de um apartamento de um, dois, três milhões de reais?” Em seguida, vêm os cadernos de política... Nesses, minha vontade é de me juntar ao Thor, para dizer o mínimo. Lembro-me de quando fiz parte da Anistia Internacional, em Portugal. Mandamos uma carta ao então deputado Amaral Neto, o mesmo do programa da Globo na década de 70, “Amaral Neto, o repórter”. “Como vocês podem ver, estou aqui no Atol das Rocas...” E lá estava ele, cada semana num lugar diferente. Confesso, era fã do sujeito. Voltando à carta. Falávamos sobre o desmatamento da Amazônia ou algo assim e a enviamos endereçada ao dito deputado. Para nossa surpresa, semanas depois veio a resposta. A mensagem, em papel timbrado do congresso brasileiro era, em letras maiúsculas: “MERDA PARA A ANISTIA INTERNACIONAL” . E assinada, de próprio punho, Deputado Amaral Neto. Mas, voltando ao banheiro do Thor, nem tudo é lixo nos maiores jornais de São Paulo. Minha mania agora é guardar o +Mais! (Tarde), da Folha e, Caderno 2 (Depois), do Estado. As pilhas voltaram, como era de se esperar. Mas, são bem menores agora e muito mais interessantes.

Um comentário:

Mussarela disse...

Marcião,

Quando penso em pilhas de jornal logo penso no Caderno Político e em suas diversas funções.

É o caderno com maior número de funções declaradas, não sei se são cumpridas, mas que são faladas são.

Aconselho sempre guardar uma pilha desse caderno. Vai que um dia vc precise!?

Nada como usar um belo caderno de política para aliviar as calçadas dos toletes do seu cãozinho. Que imensa satisfação, devemos manter a cidade limpa.

Já se o consumidor final for vc mesmo, então esse caderno é perfeito; lisinho, lisinho, não deixa rastros e em caso de emergência, dá até para guardar na cueca.

Tb me disseram que esse caderno é o melhor para fazer “papier maché”, principalmente vasos. O produto final não fica muito bom, na verdade fica bem ruim, mas pelo menos não quebra de jeito algum.

Ah! Mas já ia me esquecendo! Uma das funcionalidades do caderno de política que mais me impressiona é na alimentação. Quem disse que a política não oferece boa alimentação?
Pegue um Caderno de política inteiro, dobre no meio 8 vezes, rale bem raladinho e pronto! Fica uma delícia. Com feijão, faz um Tutu maravilhoso. Com churrasco tb fica muito bom. E se vc adicionar toucinho, fica um ótimo acompanhamento para feijuca de quarta.

Por enquanto não me lembro de mais nenhuma outra funcionalidade para o caderno, mas aposto que ainda devem ter muitas, pq melhor do que o papel do Caderno Político só existe um, mas está em extinção, o papel de cédula de votação.

Fui.